Atualmente, as redes sociais têm sido invadidas por profissionais autointitulados “especialistas” em holdings. O que poucos revelam é que acabaram de se inscrever em um curso básico sobre o tema, e muitos nem sequer concluíram as aulas.
A desinformação sobre holdings patrimoniais
Uma holding patrimonial familiar pode ser um instrumento legítimo e eficiente no planejamento patrimonial, mas sua aplicação tem sido trivializada com promessas irreais, como:
- Vantagens universais para qualquer pessoa – o que não corresponde à realidade.
- Ser a melhor solução em todos os casos – o que é um equívoco técnico.
- Resolver todos os problemas patrimoniais – o que é, no mínimo, simplista.
Essas premissas são falsas. Muitos desses profissionais não compreendem as implicações tributárias de constituir uma empresa, como as dificuldades operacionais que famílias enfrentam ao gerenciar uma empresa sem estrutura patrimonial suficiente para sustentá-la.
Recebemos frequentemente casos de holdings mal constituídas, com códigos de atividades errados, que geram tributação desnecessariamente elevada. São erros básicos, mas de impacto significativo, muitas vezes causados por advogados que não estruturam a holding como um verdadeiro mecanismo de proteção patrimonial.
Planejamento patrimonial: muito além da holding
Dos contatos que recebemos para a constituição de holdings, cerca de 80% são descartados após análise criteriosa. Isso porque a solução ideal para uma família nem sempre passa pela constituição de uma empresa.
Um planejamento patrimonial eficaz exige estudo detalhado do patrimônio, objetivos e necessidades familiares, além de um plano claro. Não se trata de “abrir uma empresa e transferir bens”. Planejar é entender as metas da família, proteger vulneráveis, reduzir custos sucessórios e garantir suporte para pais em fases avançadas da vida, entre outras questões.
Uma empresa para administrar os bens pode ser parte da estratégia, mas raramente é a solução definitiva. Em muitos casos, são mais adequadas ferramentas como testamentos, doações em vida, previdência privada, estruturas offshore ou acordos de governança familiar e corporativa.
Riscos de uma abordagem negligente
A atual “moda” das holdings, promovida por profissionais inexperientes, pode causar grandes prejuízos patrimoniais. Essas estruturas mal concebidas frequentemente falham em momentos críticos, quando deveriam proteger os interesses familiares.
O planejamento patrimonial exige dedicação, análise tributária aprofundada e um estudo detalhado das interações entre pessoas físicas e jurídicas, considerando, muitas vezes, regimes fiscais internacionais. Profissionais sérios não simplificam essas questões nem vendem soluções mágicas.
O papel dos profissionais no planejamento patrimonial
Contadores e advogados têm uma responsabilidade central nesse processo, que vai além da execução técnica. Nosso papel é orientar, proteger os interesses das famílias e oferecer suporte para decisões informadas. Um trabalho apressado e superficial pode causar danos irreparáveis no momento de maior fragilidade de uma família.
É imprescindível que os profissionais busquem capacitação contínua, mentoria com especialistas experientes e uma abordagem ética e responsável. Planejamento patrimonial não é apenas proteger bens, mas cuidar das pessoas envolvidas, garantindo segurança jurídica e harmonia familiar.
Cuidado com promessas irreais
Desconfie de propagandas que prometem eliminação total de impostos ou soluções rápidas. Planejamentos robustos demandam tempo e maturação. Além disso, um serviço de qualidade requer investimentos proporcionais ao nível de expertise e dedicação do profissional envolvido.
Se você busca conhecimento nessa área, priorize cursos e mentorias conduzidos por especialistas reconhecidos. A prática responsável exige estudo aprofundado e comprometimento com a excelência técnica.
Lembre-se: o planejamento patrimonial é um processo estratégico e deve ser tratado com seriedade. Evite soluções baratas e profissionais inexperientes. Afinal, o barato pode sair muito caro.